Esse é um questionamento cada vez menos
incomum dos outros profissionais quando um fisioterapeuta adentra a uma sala de
emergência. Isso porque, no decorrer dos últimos 10 anos a inserção do
fisioterapeuta nas unidades de emergência e urgência vem crescendo, ainda que
de maneira modesta, mas ganhando um espaço que tende a crescer cada vez
mais. O mais importante no atendimento de um paciente que chega à
emergência é a anamnese; sendo cada profissional, sendo ele enfermeiro, médico
e fisioterapeuta, treinado a buscar dentro da sua área de conhecimento, os
principais fatores que podem através de uma acurada análise diminuir os
impactos do fator que propiciou a vinda do paciente ao serviço de emergência
através da avaliação rápida e tratamento adequado.
Um exemplo seria um paciente que dá entrada
ao serviço de emergência com crise convulsiva, o médico irá avaliar o quadro e
prescrever a medicação necessária, o enfermeiro orienta sua equipe a procurar e
realizar um acesso venoso e administração das medicações e o fisioterapeuta
pode posicionar o paciente para prevenir a broncoaspiração, avalia a saturação
periférica, verifica a necessidade de oxigênioterapia, caso haja necessidade
escolhe a melhor maneira de ofertá-lo. Lembrando que essa é a primeira avaliação
e atendimento, em um próximo momento haverá uma reavaliação e uma nova
estratégia de tratamento da causa de toda a equipe novamente.
O processo de reavaliação-tratamento é
dinâmico, essa característica é o que diferencia e muito o atendimento no serviço
de emergência. Desconhecimento da causa e trabalhar sem o auxilio de exames em
um primeiro momento, faz com que o profissional fisioterapeuta se torne um
excelente avaliador de sinais e sintomas. É bastante comum na área ouvirmos:
“Parece que esse paciente vai parar” ou simplesmente olhar um paciente que
entra pela porta a dentro e apenas de olhar podermos falar “Esse paciente está
parado”.
O mais importante do atendimento do
fisioterapeuta na sala de emergência é tentar amenizar o quadro crítico e
intensificar o atendimento fisioterapêutico já na sala de choque. Por exemplo,
um paciente em LPA não deve aguardar estar em um setor de terapia intensiva
para iniciar uma ventilação mecânica com estratégia protetora, ou um paciente
séptico que evolua para SDRA deve iniciar o recrutamento alveolar já na sala de
choque.
Essa é uma realidade dos hospitais públicos
do Brasil, a necessidade de leitos de UTI, por esse motivo, muitos pacientes
“evoluem” em piora do quadro ainda no serviço de emergência. Além disso, nos
serviços privados existe com grande frequencia a necessidade do fisioterapeuta,
que se desloca de outro setor, para a realização do atendimento de emergência
no Pronto-socorro. Enquanto isso ocorrer o paciente estará privado de um
verdadeiro atendimento fisioterapeutico, pois o mesmo requer avaliação,
estratégia de tratamento e o tratamento em si.
Temos muito a contribuir na sala de
emergência e urgência, basta nós mesmos nos prepararmos para isso, através da
busca do conhecimento das particularidades dessa apaixonante área e
reconhecermos em nós mesmos a capacidade de agregar nosso trabalho ao dos
outros profissionais.
Perfil desse Profissional
A medicina de emergência é uma especialidade
fundamental, que visa o diagnóstico, o tratamento inicial e a prevenção de
complicações de diversas doenças e injúrias que afetem qualquer órgão ou
tecido. Neste cenário, torna-se evidente a importância de uma equipe
multidisciplinar altamente qualificada. Usualmente, essa equipe é
composta por médico, enfermeiro, auxiliares e técnicos de enfermagem.
Porém, devido aos avanços científicos e tecnológicos, um outro profissional
passou a ganhar espaço nesse setor – o fisioterapeuta.
Já é consenso a importância do tratamento
fisioterapêutico em injúrias que afetem o sistema respiratório, resultando em
redução dos volumes e capacidades pulmonares, alteração da impedância do
sistema respiratório e alterações na relação ventilação-perfusão. O
fisioterapeuta é o profissional com ampla habilidade em utilizar técnicas que
promovam higiene brônquica, melhora da expansibilidade pulmonar e redução do
trabalho respiratório.
Dessa maneira, o fisioterapeuta vem ganhando espaço
de forma crescente nos serviços de emergência. Quem opta por trabalhar
nesse setor deve ter características peculiares aos outros profissionais que
atuam no local. Dentre essas, é possível destacar:
- Conhecimento da anatomia e fisiologia, especialmente do sistema cardiorrespiratório;
- Conhecimento da fisiopatologia das principais doenças atendidas nos setores de emergência, bem como do tratamento inicial das mesmas;
- Conhecimento dos procedimentos realizados em parada cardiorrespiratória e das diretrizes atuais para seu atendimento;
- Habilidade na execução das técnicas fisioterapêuticas;
- Habilidade no manejo dos diversos equipamentos respiratórios, como por exemplo, interfaces e aparelhos para suporte ventilatório não invasivo;
- Rapidez na tomada de decisões e segurança quanto aos procedimentos realizados;
- Habilidade em trabalhar em equipe;
- Calma, fator essencial para a tomada das decisões corretas.
Profissionais com esse perfil podem contribuir para
um melhor atendimento a casos emergenciais, ajudando a definir o melhor
prognóstico ao paciente.